Por Onã Rudá:
Há alguns dias, a sociedade brasileira tem assistido a uma enxurrada de denúncias envolvendo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), todas personalizadas em nome do atual presidente Ednaldo Rodrigues, contando inclusive com alguns atores da imprensa esportiva. A fase ruim que vive a Seleção Brasileira e, em paralelo, o final de um dos campeonatos mais disputados da história, tanto na parte superior quanto inferior da tabela, parece que se tornou o momento ideal para uma investida contra a entidade, onde inevitavelmente as torcidas e a própria sociedade brasileira estão inflamadas.
Até agora, nenhuma acusação foi munida de provas e perdeu a credibilidade quando foi ao público de que elas partem de interesses individuais, inclusive de quem foi banido do Futebol Mundial pela FIFA, justamente por corrupção. Me preocupa como essa movimentação pode impactar todo o futebol brasileiro, em especial, o trabalho que tem sido desenvolvido de combate à LGBTfobia que passou a ter sinalizações das instâncias da CBF no final de 2021, quando conseguimos ter o primeiro clube do Brasil punido por LGBTfobia no STJD, e desde então, outras ações, medidas e iniciativas foram realizadas.
Desde o surgimento do Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+ em 2019, tentamos todas as formas de diálogo com a CBF e suas instâncias, mas fomos solenemente ignorados por mais de dois anos, até chegarmos diretamente ao atual presidente, em 2022, em contato feito por mim pessoalmente e a partir daí, a pauta LGBTQ+ passou a aparecer na agenda da CBF e suas instâncias.
Ednaldo Rodrigues é o Primeiro Presidente Negro e Nordestino em mais de 100 anos de entidade. Talvez isso explique a amplitude de que as supostas denúncias feitas sem apresentação de provas ganham, mesmo sendo feitas por pessoas sem qualquer credibilidade e repercutidas por alguns jornalistas esportivos e meios de comunicação.
Até aqui, temos conquistas importantes no combate à LGBTfobia e à inclusão da comunidade LGBTQ+ no futebol Brasileiro. Ainda estamos bem distantes de um cenário ideal, mas me preocupa muito a possibilidade de retrocessos nesse campo. Observo que todos os pontos levantados ao público como denúncia têm como foco unilateral a questão financeira e orçamento da CBF, passando distante sobre as demais questões, em especial de governança, gestão, social e a própria seleção. Entendemos que o guia do jogo são as regras e elas precisam ser respeitadas. Falar em afastamento em assembleia geral ou intervenção judicial sem que haja qualquer concretude nas denúncias trazidas à tona é subverter as regras do jogo apenas por interesses individuais e o comunicado da FIFA levanta um alerta vermelho sobre as graves consequências que essa aventura pode resultar.
Precisamos de uma CBF cada vez mais transparente, isenta e com um grande projeto para o futebol nacional, que inclui a comunidade LGBTQ+. Essas movimentações e ataques não são direcionadas em nada para isso, por isso, rechaço essas investidas golpistas.
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