A cultura das tranças está presente no cotidiano de Salvador, em especial nas periferias e bairros populares. Não é preciso andar muito pela cidade para encontrar variados tipos, tamanhos e formatos, em homens e mulheres. Mais que um estilo, as tranças representam um traço importante da cultura afro-brasileira, oriundo da ancestralidade africana.
As pessoas escravizadas que vieram de África para o Brasil trouxeram consigo a tradição do uso do cabelo como uma ferramenta que cumpria os mais variados objetivos, desde esconder arroz dos senhores de engenhos e seus capatazes, a organização de mapas, demarcação de grupo, entre outros. Nos dias atuais, a cultura da trança também movimenta uma cadeia produtiva importantíssima na economia solidária e criativa, garantindo assim o sustento de muitas famílias, em especial chefiadas por mulheres negras e de baixa renda, aqui em Salvador. A geração de renda é tão significativa que diversas organizações ministram cursos de capacitação de forma paga e gratuita. O curso de trancista também compõe todas as modalidades de cursos de qualificação profissional do governo do estado, através da Secretaria do Trabalho Emprego Renda e Esportes.
No Pelourinho, são diversos os pontos e barracas que muitas pessoas, em sua maioria mulheres negras, fazem o serviço de tranças, muitas vezes apenas sob um guarda-sol. Todas as pessoas lá fotografadas aprenderam o ofício muito cedo e, através dos anos, assumiram o posto, passando a atender os próprios clientes e expandir o negócio da família. Eles atendem ao público da cidade e aos turistas, que circulam pelo Centro Histórico.
A cultura das tranças também está presente nos bairros e comunidades, onde muitas mulheres oferecem o serviço de trançar em vários formatos, entre eles, usando sua varanda ou até sua sala como espaço para a realização do trabalho.
Vale lembrar que além das trancistas em si, a cultura da trança movimenta consigo diversos produtos no mercado como a fibra sintética, lã, elásticos, pasta modeladora e outros adereços usados nas tranças.
As pessoas que as usam não só buscam por estilo e embelezamento, mas, também, um marcador estético que reafirme a identidade negra, e a quebra de uma estética determinada pela Europa. Algumas pessoas quase não tiram as tranças, fazendo, quando muito, a troca da fibra ou fios.
“A trança para mim é símbolo que carrega em si a ancestralidade do meu povo, trançar o cabelo para mim transpassa e vai para além da palavra estética. Trançar é ancestral e eu entendo toda a potência que há em carregá-las em meu orí. Ter o meu orí fotografado e mostrar a trança que nele há é contar a minha história, a história do meu povo e dos meus ancestrais”, relatou Elen Graziele, que abrilhantou nosso ensaio em estúdio.
Por outro lado, há uma polêmica no uso das tranças quando ela é feita por pessoas brancas. Diversos setores do movimento negro levantam um debate sobre “apropriação cultural”- uma vez que para estes, a trança simboliza nada mais, que a estética- nas redes sociais, movimentos e acadêmia. Entretanto, no dia a dia das pessoas, em especial mulheres, que vivem do ofício de trancista, os turistas, muitos brancos, compõem boa parte da clientela.
Finalizamos afirmando que além do sustento familiar, o principal papel que cumpre as trancistas é a da perpetuação da cultura da preta afrodiaspórica, através do cabelo, que carrega consigo uma marca de ancestralidade.
Por: Onã Rudá
Título: Beleza e ancestralidade
Modelo trançada em foto de perfil usando adereços de búzios que compõem a ancestralidade africana, da onde deriva a cultura de uso das tranças.
Por: Pohema Profeta
Título: Conjunto
Arte ancestral em trança nagô com uso de búzios.
Por: Natane Ramos
Título: A Coroa
A foto traz destaque ao cabelo da modelo e o adereço utilizado nas tranças. As mãos acima da cabeça trazem uma visão carregada de espiritualidade e história; pois as mãos abençoam, curam, criam e comunicam. A coroa é o cabelo trançado que transmite essa arte ancestral.
Por: Donato de Assis
Título: A sublime beleza As tranças exaltam a estética preta trazendo consigo auto afirmação e fortalecendo a autoestima, a foto retrata simbologias da cultura ancestral como o colar de búzios. “O sorriso negro traz felicidade”
Por: Stéphanie Louise
Título: O sol no estúdio
Olhar marcante, expressões e gestos suaves realçam a beleza de Elen Graziele e sua exultante ancestralidade.
Por: Vitória Britto
Título: Afrodiaspóra
Modelo Ellen Graziele enaltecendo suas raízes afrodiaspóricas através das tranças nagô em seu cabelo crespo, com adornos utilizados pelos ancestrais da terra mãe.
Por: Stéphanie Louise
Título: Néon é a cor mais quente
Advinda de outro estado do Nordeste, Graziella sentiu-se pertencente. A convicção em suas raízes subiu à cabeça.
Por: Vitória Britto
Título: Trançadeira
Sankofa: trancista do Pelourinho carregando símbolos e a estética do povo preto, através de acessórios e dreads no cabelo.
Por: Raquel Souza
Título: Fios e cores
Evidenciando alguns tipos de materiais básicos para a produção das tranças e suas vertentes.Temos a linha e lã em diversas cores, prendedores “conhecida como piranhas”, elástico e tesoura. Estes auxiliam no resultado da performance ancestral das trancistas.
Por: Pohema Profeta
Título: Na rua
Processo da trança/twist utilizando a fibra sintética pelas mãos da mulher preta.
Por: Natane Ramos
Título: Mãos que trançam histórias
Na foto é apresentada uma trancista que está realizando seu trabalho, o foco da foto é mostrar como a trança carrega uma riqueza de cultura há muito tempo. Dessa forma é apresentado a trancista sendo uma mulher com uma idade mais avançada, trançando o cabelo da mais nova, mostrando assim como essa cultura transcende o tempo.
Por:
Onã Rudá
Donato de Assis
Natane Ramos
Pohema Profeta
Raquel Souza
Stéphanie Louise
Vitória Britto
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